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Mostrando postagens de agosto, 2025

Rotulam

Tenho plena consciência  Dos inúmeros rótulos  Que os que compõem a sociedade  Me atribuem sem o menor remorso  Estes que batem no peito  E se dizem os baluartes da perfeição  Escondem nas entrelinhas  Seus vícios e imperfeições  O moralismo tacanho  E o pragmatismo grosso  Tão característico do nosso jeito de ser Nos impedem de alçar altos vôos  Cada um de nós Sem exceção  Padece das virtudes e qualidades  Que só um homem alcançou em sua plena perfeição

Saboreio

Saboreio  O doce veneno  Que no princípio causa prazer Mas depois dor e arrependimento  Mas por que insistimos  Nessa deliciosa ilusão  Se sabemos o desfecho  Que ela causará em nosso coração? Presinto que tal postura  Se deve ao fato  Dessa nossa louca fantasia de querer driblar As obrigações dessa vida putrida    Tentamos fugir Mas tudo isso  Que fazemos  É a tradução da negação do nosso destino

Prometo

Prometo  Que a partir deste dia Não mais irei me sujeitar  E aos caprichos do meu id escutar  Pois a Providência me concedeu inteligência para ela dominar  Prometo  Dominar meus mais baixos instintos  E canalizá-los para algo frutífero  Que seja capaz de transcender este mundo vazio  E com ele uma marca na História deixar  Prometo  Não me rebaixar  As conveniências da sociedade humana  Pois os sábios já advertiram  Que dela nada de bom se pode aproveitar  Prometo  Me calar diante do ruído  Dos homens e dos sentidos  E superar a mesquinhez  Que me circunda e só me apequena ainda mais

Raiva

Sinto dentro de mim Uma sensação de impotência  Que aos poucos se transmuta em raiva  Diante das falhas que poderiam ter sido evitadas  Mas tenho plena ciência  De que alimentá-la  Não produzirá nenhum alento  A não ser angústia e lamento  Sinto-me no dever De canalizá-la Para um objetivo claro e produtivo  Ao invés de só lamber as feridas da alma  Pois só assim  Garanhei forças  Para desse estado de coisas me sobressair  E não retroceder para o estágio que me trouxe até aqui

Me pergunto

Eis a questão  Que insiste em retornar  Me pergunto onde está aquele menino  Que tinha tantos planos e sonhos a realizar  Me pergunto  Em que momento  Ele se perdeu E sua voz interior nunca mais reacendeu  Será que ainda há esperança  Ou novamente me pergunto Se a persona que sou hoje  Se sobrepôs a minha verdadeira pessoa  Ainda me pergunto Onde ou quando me dispersei  Não sendo até o presente momento  Capaz de evocar meu autêntico eu